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23 de Abril de 2024

Ministério Público denuncia dupla por homicídio doloso de cinegrafista

Fábio Raposo e Caio de Souza Silva, responsáveis pelo lançamento do rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, foram denunciados nesta segunda-feira à Justiça pelos crimes de explosão e homicídio doloso triplamente qualificado, ou seja, praticado por motivo torpe, com impossibilidade de defesa da vítima e com emprego de explosivo. Se condenados, eles podem pegar até 35 anos de prisão cada um.

Para a promotora Vera Regina de Almeida, da 8ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público estadual, Fábio e Caio atuaram em conjunto, dividindo tarefas, na execução do crime com o objetivo de causar tumulto, sem se importar com os riscos à vida das pessoas que participavam do protesto contra o aumento das passagens de ônibus, no último dia 6, no Centro. No texto da denúncia, a promotora ressalta ainda que a atitude da dupla configura desrespeito ao democrático direito à manifestação.

Agora, com o envio da denúncia à 3ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, caberá ao juiz Murilo Kieling decidir se Fábio e Caio terão as prisões temporárias de 30 dias convertidas em prisões preventivas, atendendo a um pedido do MP. Para o Ministério Público, a permanência da dupla no cárcere até o julgamento é necessária para não atrapalhar o desenrolar do processo. Kieling também decidirá se os dois acusados serão submetidos a júri popular.

MP: cinegrafista não teve chance de defesa

Na denúncia, a promotora ressalta que os acusados direcionaram o artefato pirotécnico para a multidão: Os denunciados agiram detendo o domínio funcional do fato, mantendo entre eles uma divisão de tarefas, com Fábio entregando a Caio o rojão com a finalidade, previamente por ambos acordada, de direcioná-lo ao local onde estavam a multidão e os policiais militares e, assim, causar um grande tumulto no local, não se importando se, em decorrência dessa ação, pessoas pudessem vir a se ferir gravemente, ou mesmo morrer, como efetivamente aconteceu.

A promotora Vera Regina acrescenta que, agindo assim, de forma consciente e voluntária, Fábio e Caio expuseram a perigo a vida e a integridade física das pessoas que se encontravam no local, bem como o patrimônio público. Com isso, assumiram o risco de causar a morte de outrem, não se importando com quem estivesse próximo ao local onde o rojão foi acionado, causando, assim, a morte de Santiago Ilídio de Andrade, que foi atingido na parte de trás da cabeça, sem chance de defesa.

Ao concluir o inquérito na última sexta-feira, o delegado Maurício Luciano de Almeida, da 17ª DP (São Cristóvão), já havia pedido que Fábio e Caio continuassem presos preventivamente até o julgamento. Na ocasião, o advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende os acusados, disse que ia pedir a anulação do inquérito, alegando que a polícia coagira Caio, ao ouvir o depoimento dele, na madrugada do dia 13, na Casa de Custódia José Frederico Marques, no complexo de Gericinó, onde está preso.

Segundo Jonas Tadeu, Caio contou que policiais o acordaram para prestar depoimento, alegando que Fábio, por já contar com o benefício da delação premiada, o estava acusando de ter praticado o crime sozinho. Ainda de acordo com Jonas Tadeu, Caio não procurou a polícia para prestar depoimento. O advogado disse que, durante uma conversa com Fábio, o rapaz contou que não pegara o rojão no chão, conforme depusera à polícia. O acusado afirmou que uma terceira pessoa lhe entregara o artefato.

Caio confirmou para mim que em nenhum momento manifestou qualquer tipo de interesse em prestar esclarecimentos que não fossem em juízo. Caio se sentiu acuado com a presença de cerca de seis homens (os policiais) dentro de um presídio e acabou dando aquelas declarações disse o advogado.

Para o delegado, porém, há provas robustas no inquérito de que Caio e Fábio acionaram o rojão. O policial negou ter acuado o suspeito e afirmou que o depoimento foi tomado com a permissão de Caio, preso horas antes na Bahia, e com autorização prévia da Secretaria de Administração Penitenciária. (Blog do Noblat)

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