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24 de Abril de 2024
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    Matou, filmou, postou na internet e deve ficar impune

    Assassino confesso de Yorraly completou 18 anos dois dias depois de atirar na cabeça da adolescente, de 14.

    Frio, exibicionista e certo da impunidade, ele filmou a execução, mostrou para amigos e colocou em rede social. Caso reabre discussão sobre a violência contra a mulher, a redução da maioridade penal e a cultura da superexposição na web

    "Quando a polícia me ligou, eu já avisei quem era o assassino. É revoltante pensar que a Yorrally não está mais entre nós por causa de um bandido". (Correio Braziliense)

    Crueldade para matar a ex-namorada

    Jovem que teria executado Yorrally Ferreira, de 14 anos, mostrou frieza ao contar os detalhes do crime, segundo delegada. A mãe da vítima usou GPS do celular da filha a fim de descobrir o suposto autor

    Assassinada com um tiro no rosto, a adolescente Yorrally Ferreira, 14 anos, se envolveu num drama que desperta debates sobre temas controversos. Exposição de imagens em redes sociais, maioridade penal, crueldade na juventude e violência contra a mulher. O suposto assassino completou 18 anos duas horas depois de ser preso na noite de segunda-feira. Não será julgado como adulto, apesar da crueldade do crime. O homicídio foi filmado pelo assassino confesso e exibido entre amigos. O atual namorado da vítima postou na internet uma foto de Yorrally morta, na cena do crime, uma imagem chocante. A menina será enterrada hoje no cemitério do Gama.

    Até encontrar o corpo da filha, Rosemari Dias da Silva, 34 anos, viveu uma via-crúcis. Na noite da tragédia, ao sentir falta da menina, ela e o marido, o carpinteiro Joselito Ferreira, foram atrás dela. "O GPS do celular da Yorrally indicava a casa dele. Fui até lá e o rapaz disse que não sabia de nada. Quando a polícia ligou informando que tinha achado o corpo, na mesma hora concluí que o assassino era o garoto", afirma.

    Eduardo* cometeu o crime dois dias antes de completar 18 anos, o que o livrou de responder como adulto pelo ato (leia mais na página 20). Ele e Yorrally tiveram um relacionamento que a mãe da menina chama de "namorico". O casal se conheceu pelas redes sociais e ficou poucos meses junto. "Quando minha filha percebeu que o Eduardo não passava de um malandro, se afastou dele. Mas acredito que o rapaz nunca aceitou a atitude dela", crê Rosemari.

    A menina costumava se expor na internet, uma imprudência comum entre os usuários da rede (leia mais na página 21). Postava fotos diariamente. Uma amiga da vítima, que não quis se identificar, conta que Yorrally havia sofrido algumas ameaças de Eduardo*. "Ela comentou sobre isso poucas vezes, mas ficava cismada e não se estendia", recorda.

    Suspeitas

    Yorrally era aluna da Escola Militar do Novo Gama. Estava no 6º ano e se mudou para o colégio em janeiro. Alguns colegas, que também não quiseram se identificar, disseram que o crime aconteceu por conta de uma antiga briga entre gangues da região. "Os amigos com quem ela andava atualmente não se davam bem com o ex-namorado. Eram de facções rivais", afirma um dos amigos. Segundo eles, as desavenças entre os grupos são frequentes e, não raro, acabam em morte.

    O estudante Adriano Dias, 27 anos, primo de Yorrally, não acredita na histórias dos alunos. Ele afirma que a estudante só aparentava ser uma mulher, mas a mentalidade era de criança. "Ela não tinha maldade alguma. Por isso, muitas vezes, podia ser influenciada facilmente", acredita. A mãe diz que sente alento porque o autor do crime foi localizado e preso, mas acha impossível esquecer toda a crueldade da morte da menina. "Acabaram com a família. Ela era muito carinhosa e alegre, todos gostavam dela", diz.

    A casa da família fica no residencial América no Sul, no Novo Gama. Apesar de a polícia ter encontrado o assassino no dia seguinte ao crime, Adriano critica a corporação. "Eles nunca vêm proteger a região. Ficamos isolados do mundo", afirma. Ele conta que raramente os delitos cometidos no bairro são apurados pela polícia. "O que acontece aqui fica aqui", queixa-se. Segundo a delegada da Delegacia da Criança e do Adolescente I (DCA I), Viviane Bonato, responsável pelo caso, ele está detido no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI). Depois de sentenciado, deve cumprir pena no Centro de Internação mais próximo de sua residência.

    * Nome fictício em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente Depoimento "Coração de mãe não se engana"

    Rosemari Dias da Silva, mãe de Yorrally "A Yorrally saiu de casa no domingo falando que ia ao shopping. A noite começou a cair e ela não chegava, então, resolvemos procurá-la. Antes mesmo de a polícia nos ligar, às 16h15 de segunda-feira, acionei o GPS do celular dela e vi que indicava a casa do ex-namorado. Quando chegamos lá, a mãe dele estava lavando uma camiseta cheia de sangue e chegou a me dizer: 'Mulher, não se preocupe, daqui a pouco ela aparece . Mais tarde, voltei lá novamente e falei direto com o assassino: 'Você sabe onde ela está, não mente para mim. Coração de mãe não se engana . Ele ignorou e disse que havia a deixado na parada de ônibus em direção ao Pedregal. Quando a polícia me ligou, eu já os avisei quem era o assassino. É revoltante pensar que a Yorrally não está mais entre nós por causa de um bandido. Minha filha era extremamente carinhosa e alegre. O jeito meigo dela encantava a todos. Não tinha um inimigo sequer. O que o assassino fala é mentira". (Correio)

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    1 Comentário

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    A menina Yorrally Ferreira, que nada fez de errado, pegou "pena de morte".
    A Mãe e a Família, que ficaram privados para o resto da vida do convívio com a menina Yorrally Ferreira, pegaram "perpétua".
    Hoje o assassino está solto e com a "ficha limpa.
    Isso são as nossas leis.
    Isso é o resultado do discurso fácil.
    Isto é o Brasil. continuar lendo