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16 de Abril de 2024

Coronel que sumiu com o corpo de Rubens Paiva é convocado para audiência da Comissão da Verdade

O coronel reformado Paulo Malhães, um dos mais atuantes agentes do Centro de Informações do Exército (CIE), que contou detalhes das torturas e confirmou ter sumido com o corpo do ex-deputado Rubens Paiva, foi um dos convocados para audiência da Comissão Nacional da Verdade (CNV) que acontece na manhã desta terça-feira. Com transmissão ao vivo pela internet, a audiência vai divulgar relatório premilinar sobre a Casa da Morte, aparelho clandestino de tortura, morte e ocultação de cadáveres instalado pelo CIE em residência do bairro Caxambu, em Petrópolis.

Com base nos depoimentos de Inês Etienne Romeu, única sobrevivente entre os presos levados para o local, e de outras pessoas, a comissão investigou, fez diligências e identificou torturadores que atuaram na casa no período em que ela esteve presa. Eles foram convocados para prestar depoimento.

A memória de Inês, que padeceu durante 96 dias na casa, em 1971, registrou os codinomes de 19 torturadores. A identidade de parte deles, que permanecia desconhecida até hoje, foi revelada em reportagem recente do GLOBO.

Doutor Bruno, apontado por Inês como a pessoa de mais alta patente na casa, era o coronel Cyro Guedes Etchegoyen, chefe de Contrainformações do Centro de Informações do Exército (CIE). Completam a nova lista de torturadores da casa os sargentos Rubens Gomes Carneiro, o Laecato, Jairo de Canaã Cony, o Marcelo, e Carlos Quissak, além do cabo Severino Manuel Ciríaco, o Raul.

Até hoje, acreditava-se que Doutor Bruno era o então major-aviador Éber Teixeira Pinto, do Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (Cisa). Ele realmente esteve na casa, mas não pertencia à equipe de interrogadores. O verdadeiro Bruno, Cyro Etchegoyen, foi quem ordenou a libertação de Inês, ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), acreditando que ela aceitara ser uma RX. A ex-guerrilheira, porém, blefara e suas revelações custaram a Cyro a promoção ao generalato.

A lista é completada pelo sargento Rubens Gomes Carneiro, o Laecato, que atuou em missões do CIE no Sul do país, pelo cabo da Polícia do Exército Severino Manuel Ciríaco. Já eram nomes conhecidos, além de Perdigão e Malhães, Orlando de Souza Rangel (Doutor Pepe), Rubens Paim Sampaio (Doutor Teixeira), José Brant Teixeira (Doutor Cesar), Amilcar Lobo Moreira da Silva (Doutor Carneiro), Ubirajara Ribeiro de Souza (Zé Gomes ou Zezão) e Luis Cláudio Azeredo Viana (Laurindo).

O general reformado José Antônio Nogueira Belham, comandante do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI-I), na Rua Barão de Mesquita, em janeiro de 1971, quando o ex-deputado Rubens Paiva foi torturado e morto na unidade, também pode estar envolvido com a Casa da Morte. Em 1973, ele pertencia ao CIE, onde provavelmente respondia pela Seção de Operações, de onde saíram os interrogadores da Casa da Morte.

Na audiência desta terça-feira, a CNV apresentará filmes, fotografias e documentos sobre a casa. A denúncia de Inês, ex-dirigente daVPR, foi feita ao Conselho Federal da OAB no ano de 1979. Presa pelo Delegado Sérgio Paranhos Fleury em São Paulo, no dia 5 de maio de 1971, ela foi levada à Casa da Morte de Petrópolis, onde viveu os 96 dias de cárcere submetida a torturas, a estupros e toda sorte de humilhações. Em 11 agosto de 1971, Inês foi libertada e no dia seguinte internada em um hospital onde sua prisão foi "legalizada".

No hospital, em 18 de setembro de 1971, Inês finalizou seu depoimento. Em 5 de setembro de 1979, pouco depois de sair da prisão em virtude da anistia, Inês finalmente pode entregar seu testemunho ao Conselho Federal da OAB. Em sua denúncia, Inês Etienne identificou seus torturadores e carcereiros, bem como vários militantes que passaram pela Casa da Morte de Petrópolis, onde foram torturados, executados, tiveram seus corpos ocultados e continuam até hoje desaparecidos.

Em fevereiro de 1981, Inês Etienne Romeu conseguiu localizar e reconhecer a casa onde esteve presa em Petrópolis, assim como seu proprietário Mario Lodders. Em 2012, a casa foi declarada de utilidade pública pelo município de Petrópolis, com o objetivo de transformá-la num centro de memória. (O Globo)

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